quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Crônica do Eu Sozinho



Olhando fotos, apenas um modo de passar a tarde, sozinha, sem atividade nem alegria. No "player" apenas um som de amparo. Na alma uma ferida que não cicatrizou ainda. Respostas para as mentiras que minha própria alma inventou para proteger-me da falta. Um sufoco no peito! A solidão sempre presente como única companhia. 

Revisando fotos e mais fotos, apenas como modo de sentir momentos antigos como se fossem agora. Assistindo a mim mesma desabando! Talvez não seja tarde, mas pra mim é como se não houvesse outra chance, outro dia. Talvez tudo tenha mudado, mas na realidade absolutamente nada mudou. Não, talvez ainda não seja tarde, mas toda vez em que volto o tempo afogada em memórias, sinto como se amanhã pudesse ser o meu ultimo dia.

Perdendo tempo, afogando-me em magoas e solidão, com lembranças, sorrisos, e sempre esquecendo de viver o hoje intensamente pra lembrar do ontem. Pessimismo? Talvez! Porque não escolhemos o quanto gostar de alguma coisa, e quanto odiar outra. Talvez eu me odeie por amar tanto, talvez por não saber viver esse amor como deveria, porém nunca chegando ao que realmente importa, a ele, ele que é responsável por tudo isso. Será uma divida de "outras vidas"? Não sei! Só sei que parece não ter fim.


Dor que fere minha alma, e deixa uma cicatriz eterna, realmente, talvez eu tenha trocado o que eu mais preso na vida por uma missão impossível, ou talvez quase. Será que vale a pena? Pois bem, o sonho de uma vida inteira não pode ser trocado por um sentimento chamado amor. Mas o que somos nós, sem ele? E como dizer que essa missão não seja por amor? Voltamos ao começo de tudo! Ele move tudo, mesmo eu não querer a presença dele.

Depressão que me suga até a ultima gota de sangue. Ela que me faz suicida, que me corrompe a alma, que me anima por vezes e me faz desabar em outras. Ela! Que é o resultado da solidão, da solidão por falta do "amor" não recebido. 


Fé? Sim, apesar do pessimismo, a fé que me move me faz querer mudar tudo, me faz persistir em dias melhores. Por traz da menina sombria há sim, uma alma e um coração, doce, sensível, e talvez imperceptível para alguns, apenas demonstrados para os "evoluídos" que conseguem perceber o meu verdadeiro eu.

Talvez eu fale de mais, realmente, pela falta que sinto e senti durante minha vida inteira de um ouvido que me escutasse. Talvez, também pela vontade de atenção, o “puxar assunto” diário, o medo de ficar sozinha, com pensamentos ao vento, medo da minha alma suicida, de meus desejos ocultos.


Mãos vazias, sem reação, talvez o meu modo de falar seja com os olhos muitas vezes, porém poucos percebem, poucos sabem quem eu sou. Quem anda passo por passo, às vezes a chorar, chutando areia, às vezes a sorrir como uma eterna criança a cantarolar, tentando afogar tudo o que realmente me fere. Pobre criança indefesa, escondida por traz de roupas, de sombras, de tragédias ocultas em sua própria alma, de mensagens subliminares no olhar, de conversas sublimes e coração ferido.


Este é o meu verdadeiro eu, por uma ultima vez, distante, injusta, solitária, aprendendo a viver por você, por mim, pelo sonho de uma vida, talvez de mais de uma, sempre ao som triste da melancolia, da tragédia, da indignação, da luxuria, do ódio, e finalmente do amor, dele que move tudo, mas que desejo esquecer, dele que me faz sofrer eternamente, que pede para que não me olhem nos olhos, que me faz ter medo de me entregar, de viver intensamente. Ele, e a solidão que me faz apenas viver dia após dia, sem destino, sem utilidade, que me faz morrer dia após dia, hora após hora, que me faz olhar fotos e lembrar do ontem, pensar no amanhã e esquecer do hoje. Ele que me faz te amar dia após dia, mesmo em oculto, em obscuro sentimento, e a cada centésimo de segundo mais e mais, apesar de meu desejo ser apenas esquecer. Esquecer as memórias, os sorrisos, o olhar, as palavras não ditas, o tempo que eu perdi e pareço perder eternamente, esquecer o meu “eu sozinho”.